O certificado de estudos em Engenharia de Som foi pensado para encaixar no currículo típico dos alunos de Engenharia de Computação e de Engenharia Elétrica. Apesar disso, não há nenhuma restrição que impeça outros alunos da Unicamp de buscarem o certificado. A grande dificuldade disso é buscar as disciplinas que são pré-requisito para as disciplinas de Engenharia de Som. Pensando nisso, preparamos esse pequeno FAQ, para ajudar na busca pelo certificado.
Índice
Quais são os pré-requisitos das disciplinas de Engenharia de Som e por que eles são pré-requisitos?
MC102: Algoritmos e programação de computadores
Engenharia de Som é um certificado construído sobre trabalhos práticos. Será esperado de você que consiga interpretar código-fonte e construir suas próprias soluções para os problemas encontrados. Sem entender programação de computadores, você terá muita dificuldade em fazer isso e terá problemas em acompanhar as aulas.
EA614: Análise de sinais
Usaremos ferramentas como a Transformada de Fourier, conceitos ligados à linearidade, amostragem, e assim por diante. Os pré-requisitos de EA614 também serão necessários já que, diariamente, conceitos ligados a integrais, derivadas, gradientes e séries vão ser usados como ferramentas para entender o som e a música.
EA513: Circuitos elétricos
Em acústica, é comum que sistemas acústicos sejam modelados como circuitos mecânicos ou elétricos. Sem dominar a matemática e os conceitos desses modelos – em especial, as equações diferenciais, Transformada de Laplace e impedância – haverá muita dificuldade em acompanhar as discussões conduzidas em sala de aula.
AA200: Autorização especial
Pode ser que você domine todos esses pré-requisitos sem ter feito as disciplinas. Talvez você trabalhe como projetista de equipamentos acústicos a muitos anos. Ou talvez tenha feito outra faculdade. Ou, possivelmente, tenha feito disciplinas que são equivalentes de facto aos pré-requisitos citados, mas não são pré-requisitos explicitados no regimento. Ou ainda, talvez seja uma pessoa incrivelmente auto-didata. Para esse tipo de situação, existe o pré-requisito AA200, que sobrepõe aos outros: se você acha que domina os conceitos necessários para fazer o curso, mesmo que não tenha feito as disciplinas, é legal vir conversar conosco. Preferencialmente, traga alguma prova documental de que domina os tais conceitos – você terá dificuldades reais na disciplina caso não os domine.
Eu acho que consigo me virar com cálculo ou programação ou circuitos, embora nunca tenha trabalho com eles na vida real. Posso ter autorização AA200?
Não, porque entre o “eu acho que me viro” e o “realmente consigo fazer algo prático dentro do prazo” existe um abismo muito grande. Como as disciplinas têm muita discussão em sala, e muitos trabalhos em grupo, isso não vai ser só um problema individual seu, e sim um problema para todos os alunos da turma/grupo.
Posso fazer alguma disciplina equivalente às que estão marcadas?
Sim. Por isso que elas são chamadas de equivalentes.
E se for uma disciplina que tem continência com as que estão marcadas?
Continência significa que uma disciplina está contida na outra. Esse dispositivo serve, por exemplo, para quando uma disciplina de 4 créditos é quebrada em duas de 2 créditos. Fazer a de 4 créditos é equivalente a fazer as duas de 2 créditos, mas fazer uma das de 2 créditos não é equivalente a fazer a de 4. Então, se você fizer alguma disciplina que contém as marcadas, você consegue a equivalência, mas o contrário não é verdadeiro.
Vocês recomendam buscar equivalências no catálogo da Unicamp?
Não, porque se você fizer essas disciplinas na FEEC e no IC já vai acabar fazendo vários amigos que talvez estejam com você nos cursos de engenharia de som. Mas, sob um ponto de vista administrativo, isso é irrelevante para nós.
Sou de algum curso que não é engenharia de computação ou elétrica. Consigo tirar o certificado?
De fato, o certificado de engenharia de som foi pensado para alunos da engenharia elétrica e da engenharia de computação. Essa não foi uma decisão fácil, mas o motivo foi o seguinte. O objetivo do certificado é que ele forneça uma capacitação real em alguns aspectos (no começo deste manual isso deve estar melhor explicado), o que requer desenvolver alguns tipos de trabalhos que dependem de entender bem cálculo e programação. Se você faz um curso que não tem absolutamente nada de matemática e programação incluídos, então vai ter que fazer 32 créditos a mais, que podem ser distribuídos em 5 semestres, como segue neste possível cronograma (é só uma sugestão):
Semestre | Disciplinas pré-requisito | Disciplinas do certificado | Créditos |
1 | MA111 / MA141 | Eletiva | 8 + 4 |
2 | MA211 / MC102 | – | 10 |
3 | MA311 / EA513 | EE838 ou EE840 | 8 + 2 |
4 | EE400 | EG938 | 4 + 4 |
5 | EA614 | Pesquisa | 4 + 6 |
6 | – | EG940 | 0 + 4 |
7 | – | – | |
8 | – | – |
Então, se você já é de um curso de engenharia (especialmente elétrica ou computação), engenharia de som vai precisar de 20 créditos, mas serão 52 créditos se você for de outro curso que não tem nada de matemática ou computação no currículo.
Isso pode parecer muito trabalhoso, mas também significa que você vai ganhar habilidades relevantes ao longo do processo.
Eu vou conseguir me matricular nas disciplinas pré-requisito mesmo violando as reservas da DAC?
Provavelmente sim, porque elas são tipicamente disciplinas com turmas bem grandes e sempre acaba sobrando alguma vaga. Se você tiver um pequeno time de pessoas que gostariam de se matricular em alguma disciplina, pode ser uma boa ideia enviar um e-mail ao coordenador de graduação do curso relacionado (matemática para MAxxx, engenharia de computação para MC102, engenharia elétrica para EAxxx) aproximadamente três meses antes do fim do semestre, contando da situação e, especialmente, falando quantas vagas seriam necessárias. Muitas pessoas já fazem as disciplinas (especialmente MA111 e MC102) como eletivas, então a tendência histórica é que tudo funcione.
Posso fazer a disciplina da pós-graduação mesmo sem ter os pré-requisitos na graduação?
Pode, mas se você não souber programar computadores, calcular integrais e lidar com transformadas, séries, matrizes e números complexos, você tem chances muito grandes de não conseguir acompanhar bem o curso.
Sou de humanas. As disciplinas da FEEC, do IC e do IMECC são muito difíceis?
Sim, são, mas todos os cursos da Unicamp (e de qualquer faculdade que se preze) têm disciplinas difíceis. Acontece que a nossa tendência como seres humanos é parar de perceber a dificuldade das próprias disciplinas, e achar que algumas coisas são triviais quando na verdade não são. Definitivamente, leva menos tempo para entender como calcular uma derivada que para aprender a tocar um violino. Por outro lado, programar ou deduzir teoremas com maestria também leva tempo para aprender. Então, sim, cálculo e programação são difíceis, mas no fim das contas pouca gente (percentualmente falando) reprova de verdade e isso costuma estar mais ligado à dedicação do aluno e à sua habilidade de lidar com a pressão das provas do que a habilidades anteriores ao curso ou a algum tipo de “talento” nato. Em resumo: não é trivial, mas também não é um bicho-de-sete-cabeças.
Engenharia de som é difícil? Eu vou reprovar? Vou virar noites trabalhando?
Até hoje (estamos em 2s2019), as reprovações e notas baixas nos cursos de engenharia e som só aconteceram por abandonos totais ou parciais, ou seja, por pessoas que optaram por parar de ir às aulas e entregar trabalhos. Isso não significa que é um curso fácil, mas sim que os alunos realmente se dedicaram a fazer trabalhos que foram, de fato, significativos. Os cursos, porém, é pensado no sentido de não serem “trabalhosos”, ou seja, evitamos a abordagem de ter “lista de exercícios de 100 exercícios” ou “leitura de 50 páginas”. Ao invés disso, mantemos o foco em atividades que são pontuais e que, simultaneamente, são muito desafiadoras e exigem capacidade de implementação e análise. Então, sim, é difícil; não, você provavelmente não vai virar noites trabalhando se não procrastinar; quanto à reprovação, depende única e exclusivamente de você.